segunda-feira, 14 de julho de 2008

Cachaça de Salinas busca certificado de origem geográfica


Por Roberto Carlos Morais Santiago


Tudo indica que em breve a cachaça artesanal produzida no município de Salinas terá o reconhecimento de Indicação de Origem Geográfica pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O certificado representa verdadeira procedência geográfica, agregando reputação, identidade própria e vantagem competitiva em relação aos demais produtores de outras regiões.


A Associação dos Produtores de Cachaça de Salinas (Apacs), Prefeitura Municipal de Salinas, Escola Agrotécnica Federal de Salinas e Sebrae – Minas, estão elaborando projeto a ser apresentado ao INPI que poderá reconhecer o município como região produtora de cachaça de qualidade.

A indicação geográfica, caso seja concedida, irá garantir uso reservado pelos produtores de Salinas, beneficiando e protegendo as marcas do município contra a concorrência desleal e falsificação, além de agregar valor ao produto. Em contrapartida, aumenta a responsabilidade dos produtores pela manutenção da tradição e qualidade da bebida.


No Brasil, no setor de cachaça, somente o município de Paraty (RJ) possui o certificado outorgado pelo órgão federal. O município fluminense é um dos mais antigos pólos produtores de cachaça, desde o período colonial.Atualmente, o principal pólo brasileiro de produção de cachaça artesanal é o município norte-mineiro de Salinas.


A produção anual atinge 5 milhões de litros, sendo comercializada sob mais de 50 marcas, algumas de renome nacional e internacional. Vários fatores contribuem para a indicação geográfica de Salinas: solo, clima, tradição, cultura e uma incrível variedade de marcas: Havana-Anísio Santiago (reconhecida patrimônio cultural imaterial de Salinas), Asa Branca, Beija-Flor, Indaiazinha, Canarinha, Monte Alto, Lua Cheia, Salineira, Seleta, Cubana, Boazinha, Sabor de Minas, Salinas, Artista, Fabulosa, Peladinha, Erva Doce, Terra de Ouro, dentre outras, tem o reconhecimento do consumidor brasileiro pela ótima qualidade.

Em 2007, os produtores de Salinas recolheram 1,042 milhão de reais de ICMS, imposto de competência estadual, ao erário mineiro. No mesmo período, os produtores de João Pinheiro (segundo colocado), recolheram 68,78 mil reais; Taiobeiras (terceiro colocado), recolheram 36,94 mil reais e Januária (quarto colocado), recolheram 28,04 mil reais. No mesmo exercício, o ICMS recolhido pelo setor produtivo representou 39,44% do total arrecadado no município, contra 31,58%, do exercício anterior.

Os dados demonstram que o agronegócio da cachaça de Salinas, de forma inequívoca, é uma realidade com expressiva participação na economia do município. É o único município mineiro que possui cadeia produtiva de cachaça consolidada com alto índice de formalidade.


Reconhecer o município de Salinas como indicação geográfica na produção de cachaça seria o reconhecimento aos produtores que, historicamente, vem produzindo cachaça de qualidade indiscutível. Seria a coroação de todo um trabalho em prol da melhoria da qualidade da bebida em todos os sentidos. Salinas merece.

Nenhum comentário: