segunda-feira, 7 de julho de 2008

A famosa cachaça - HAVANA.


É no sopé da Serra dos bois, em Minas Gerais, que se faz a nossa mais cara e preciosa cachaça.


HAVANA


[ANÍSIO SANTIAGO]
ERA UMA VEZ UMA CACHAÇA CHAMADA HAVANA, que deixou de existir com esta designação desde junho 2001,
em decorrência de uma disputa internacional entre duas marcas de rum, que ostentam o mesmo nome.
O homem que há mais de 56 anos produz essa preciosidade- que custa cerca de Us$ 50 (cada garrafa) no Rio,
São Paulo, ou Belo Horizonte -, teve uma única reação ao saber do mandato judicial que lhe vetou o uso da marca HAVANA de tanta fama:
ele retirou o rótulo de todas as garrafas de seu estoque e mandou produzir um outro nome para sua marca, o sseu próprio Nome, ANÍSIO SANTIAGO.
E voltou serenamente para o seu dia-a-dia de produtor da melhor cachaça do Brasil, agora "ANÍSIO SANTIAGO", em sua propriedade ao pé da Serra dos bois,
distante duas léguas da Cidade de Salinas, no norte do Estado de Minas Gerais.
Anísio Santiago era um homem de forte personalidade que, em 2001 aos 89 anos,
continuava a cuidar pessoalmente de todas as fases do ciclo anual de produção de sua cachaça.
E que sempre teve uma noção muito lúcida daquilo que representava para os produtores de cachaça do seu Estado Minas Gerais:
uma inspiração, muito mais do que um objetivo alcaçável, mais que infelismente nos deixou 22 de dezembro de 2002.
No dia 22 de dezembro de 2002, a população da pequena cidade mineira de Salinas, no Vale do Jequitinhonha,
parou para acompanhar o cortejo fúnebre do seu mais ilustre morador: Anísio Santiago. O homem que ao longo de 91 anos se tornou uma lenda, produzia a cachaça mais cara e famosa do País, a Havana, que desde junho de 2001 teve o rótulo substituído pelo seu próprio nome,
hoje uma grife entre os apreciadores da "puríssima".
QUEM É QUE DIZ QUE ESSA CACHAÇA É A MELHOR DE TODAS?
Em primeiro lugar, o mercado: todo mundo a quer, mas não basta ter o dinheiro para comprá-la, é preciso ter paciência.
Mesmo em Salinas, auto-proclamada "CAPITAL MUNDIAL DA CACHAÇA", não vá o recém-chegado pensar que é coisa fácil conseguir uma garrafa, assim "sem mais nem menos", quanto mais querer ir comprando uma dúzia ( lá a garrafa está em torno de 80 reais a garrafa).
Há muita gente em Salinas que jamais conseguiu provar da cachaça de "seu" Anísio.
Os conhecedores justificam essa generalizada preferência: não só é muito difícil encontrar cachaça semelhante, como também tem sido ímpossivel achar alguma que apresente tamanha homogeneidade de boas características, presentes a cada partida, ano após ano.

Segredos? Segundo Anísio Santiago, não há segredo.
Mas dizia isso com um quase sorriso...
Pressionado, respondeu que "capricho e falta de usura" são o que faz a diferença,
e que "existem algumas pessoas que poderiam fazer a cachaça, mas só existe um ANÍSIO SANTIAGO."
Essa útima frase diz toda a verdade.
Com toda a justificada fama das cachaças de Salinas, Novo Horizonte e região,
"seu" Anísio Santiago teve a coragem e teimosia de manter pequena sua atividade.

Entre mito e realidade, o que é que faz sua cachaça diferente das outras tantas, excelentes,
de Salinas e de algumas outras regiões de Minas Gerais?
Em comum com as ótimas cachaças, a ANÍSIO SANTIAGO tem solo calcáreo-arenoso, período chuvoso curto mas intenso,
umidade do ar não muito baixa no período seco, altitude em torno de 700 metros, utilização de cana apropriada (a java por exemplo),
fermento orgânico natural, alambique de cobre, higiene obsessiva em todas as fases do processo de produção...
As terras da Fazenda Havana têm uma característica especial: a ausência de sal em seu solo, pois Salinas não tem esse nome impunemente.
O "trem" diferente é a mistura bem proporcionada de destilado de diversos períodos de envelhecimento,
num sistema em cascata em que o tonel de onde sai a bebida que vai para as garrafas é completado com o líquido do tonel imediatamente "menos velho", e assim por diante,a montante.
Complicado? Se é complicado para explicar, imagine a complicação para fazer tudo isso!

4 comentários:

Blog do Lima Pereira disse...

Esse artigo é da autoria de José Eduardo de Lima Pereira e foi publicado originalmente em ÍCARO, revista de bordo da VARIG, em 1996.

Victor disse...

Possuo uma garrafa da cachaça Havana,que está em minha posse por volta de 20 anos,estou interessado em vende-la.
interessados favor entrar em contato''victor-scarpelli@hotmail.com''
obrigado

Victor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Victor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.